Saúde mental dos universitários

by - quarta-feira, setembro 12, 2018

Estudantes de faculdade têm sofrido com problemas psicológicos e essa é uma das maiores razões de trancamento de matrícula. Quais são as possíveis razões?

Esse mês aqui no blog vamos falar sobre o Setembro Amarelo, se quiser ler mais sobre e informações de como conseguir ajuda profissional acessível clique aqui.

Ser estudante universitário nunca foi fácil e continua não sendo. O que diferencia é que hoje temos mais abertura (apesar de ainda ser pequena) para falar sobre saúde mental. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) o suicídio é segundo maior motivo de morte entre jovens de 15 à 29 anos¹.

Uma parcela muito expressiva dos profissionais da área de moda são formados em curso superior, então passaram pela universidades (faculdades muita caras ou públicas difíceis de passar). Nem todo estudante de moda é rico, tem uma família apoiando e tem tudo que quer na vida. Muita gente rala pra financiar, ganhar bolsa ou passar naquela pública super concorrida, além de lidar com os materiais caros, prazos curtos pra trabalhos que demando $ e criatividade.

Claro, universitário é universitário independente do curso que está.

Não é difícil encontrar alunos estressados, com crises de ansiedade, crises de pânico, depressão e estafa. Infelizmente também em meio a tudo isso, alguns, tentam contra a própria vida. Vou colocar aqui motivos que contribuem para tudo isso mencionado à cima.

Situação Econômica 

Uma parte dos ingressantes a faculdade são pessoas que vieram de escolas públicas, que têm em sua maioria estrutura precária e ensino defasado pelo próprio sistema público. Se conseguem passar no vestibular ou conseguir bolsas, precisam lidar com o desfalque de conhecimento para fazer as matérias.

Grande parte dos estudantes também são trabalhadores e ter uma jornada dupla além de cansativo, é necessário jogo de cintura para lidar com os horários que divergem causando atrasos e faltas. Com a alimentação quase inexistente por conta de dinheiro e tempo, o cansaço aumenta e o rendimento dos estudos diminui.

Fora os que tem curso integral, que precisam viver de bolsas e/ou bicos, contando centavos e tentando administrar para que o dinheiro dure o mês inteiro. 

"Época do meu Trabalho de Conclusão de Curso do técnico foi péssimo pra minha saúde (isso porque foi TCC para um curso técnico, imagine uma graduação). Eu tinha muitas entregas, prazos e alterações em cima da hora, não tinha orçamento necessário pra todo o projeto, meu tempo era curto já que eu trabalhava e estudava. Sofri com irritação prolongada, crises de ansiedade e pânico, gastrite, fadiga intensa e dores fortes de cabeça. Eu tive sorte de ter pessoas que me apoiaram e me ajudaram muito".
Karen Gabrieli, Etec Carlos de Campos 

Ambiente Acadêmico

Lidar com prazos curtos, trabalhos e leituras que se acumulam, com alguns/vários professores opressores e/ou de metodologia fraca, perigo no trajeto e no campus... e outros detalhes que mudam de instituição para instituição. Tudo isso é enlouquecedor isoladamente, imagine somando outros fatores desse texto mais dificuldades pessoais.

"Entre a universidade e instabilidade emocional existe uma relação assustadoramente próxima, sendo a instituição, sozinha, uma causadora e perpetuadora de condições “perfeitas” para o desenvolvimento de doenças psicológicas como depressão e ansiedade. E isso se deve a professores despreparados e prepotentes, falta de verba para programas de permanência estudantil, pressão constante de resultados por parte da sociedade como um todo e o descaso da instituição com os problemas dos alunos como os de cima e incluindo assédios, estupros, casos e racismo e homofobia, e as consequências gritantes que essas doenças psicológicas tem individualmente e no coletivo dos alunos."
Felipe, USP 

Emocional

Sair da escola, ir morar sozinho, muitas vezes tendo que ficar longe da família, amigos e tudo que conhecia. Tudo muda, vira de cabeça para baixo. Ai vem a vida adulta, bate na porta e você precisa atender. Agora tem que aprender a conviver com vida adulta que tava de mala e cuia na porta e nem avisou que vinha pra ficar pra sempre.

"Para muitos universitários a entrada na universidade é a primeira chance de morar sozinho, aí eles começar a descobrir grandes problemas da vida adulta como racionar dinheiro, ter que fazer tarefas domésticas e ainda ir bem em cursos que normalmente os professores não te ajudam nem um pouco. Tenho quase certeza que quase todo pessoal do meu curso tem problemas psicológicos."
Breno Vinicius, UFSCAR 

Nesse tempo do curso tem que lidar com saudade das pessoas que gosta, sentindo solidão, sendo pressionado pela família, medo de não se formar e todas angústias pessoais.

Banalização do problemas psicológicos

Existem ainda muita intolerância, preconceito e ignorância sobre a saúde mental o que impede, em muitos casos, o tratamento.
Se as doenças mentais são banalizadas, não vistas como doenças e problemas, como alguém vai identificar que está doente e precisando de ajuda?

Esse assunto é um tabu. Segue aqui um exemplo do que eu estou falando:

Abaixo tem comentários feito por leitores de uma matéria da UOL postada em dezembro de 2017 sobre problemas psicológicos em universitário.

Comentários mais curtidos numa publicação da Uol sobre universitários e problemas psicológicos
Continuação de comentários mais curtidos numa publicação da Uol sobre universitários e problemas psicológicos
Esse texto quase não sai por conta desses comentários. Eu li e fiquei tão mal, porque a gente lê isso e acredita nessas palavras e duvida dos próprio problemas. Mas eu estou aqui escrevendo como forma de resistência e para tentar mudar, nem que seja um pouco, essa realidade.

Deixo para leitura, caso queira saber mais, o artigo "Vulnerabilidade e bem-estar psicológicos do estudante universitário":
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872014000100002

Se você se identifica, conhece pessoas que se identificam ou acha que devemos lutar contra essa maré, compartilhe esse texto em suas redes sociais e fale mais sobre isso.

Agradeço por ter lido até aqui.

Fonte:
¹http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/setembro/21/2017-025-Perfil-epidemiologico-das-tentativas-e-obitos-por-suicidio-no-Brasil-e-a-rede-de-atencao-a-saude.pdf

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